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Jesus é o único redentor: pastores comentam declaração do Vaticano

Igreja Católica reforça que Jesus é o único redentor e mediador e não Maria. Ato pode despertar o interesse dos católicos pelas verdades bíblicas, afirmam pastores

Por Cristiano Stefenoni


Uma nota doutrinal sobre alguns títulos marianos referidos à cooperação de Maria na obra da salvação (Mater Populi fidelis), divulgada pelo Vaticano na última terça-feira (4), foi motivo de debate nas redes sociais, não apenas entre os católicos, mas também no meio evangélico. Isso porque a Santa Sé deixou claro que, apesar da mãe de Jesus ter tido um papel importante na história, ela não substitui a figura de Cristo que é o único mediador e redentor da humanidade.

Mas afinal, o que pensa a liderança evangélica sobre essa decisão? Antes, contudo, é preciso entender um pouco sobre o documento divulgado pelo Vaticano e que está disponível, na íntegra, clicando aqui. Nele, o texto diz claramente que o objetivo dessa publicação é para que não haja dúvidas sobre o papel que cada um, na visão católica.

“Reconhece-se que Maria ocupou papel importante (‘mãe de Jesus’, ‘primeira redimida’, etc.). Mas os títulos ‘co-redemptrix’ (coredentora) e ‘co-mediatrix’ (comediadora) são firmemente desaconselhados ou não apropriados, porque podem dar a entender que Maria tem um papel de salvação equivalente ou paralelo ao de Cristo, o que a Igreja diz que não é”, diz uma parte da declaração.

Sobre “Mediatrix” (mediadora/comediosa), o documento reconhece que, em uso subordinado (“como intercessora”, “como mãe no plano da graça”), pode haver aceitação, mas com cautela para que não se equivoque a função. O documento indica que o uso de tais títulos marianos – quando repetidamente exige explicações complexas para não dar a entender algo errôneo – “não serve à fé do Povo de Deus”, diz o texto.

A adoração a Maria começou a se desenvolver nos primeiros séculos do cristianismo, especialmente após o Concílio de Éfeso (431 d.C.), quando ela foi declarada Theotokos (“Mãe de Deus”). Isso visava destacar a divindade de Jesus, mas acabou levando à veneração excessiva de Maria, que se intensificou ao longo da Idade Média. Hoje, a teologia de veneração a Maria é seguida por mais de 1,4 bilhão de católicos em todo o mundo, sendo 100,2 milhões no Brasil.

Para o pastor Leonino Barbosa Santiago, que é mestre em Liderança pela Andrews University, a postura da Igreja Católica em relação a Maria é um tema complexo e multifacetado. “Os católicos referem-se a ela como Nossa Senhora e a veneram como a Rainha do Céu e Mãe da Igreja, baseados no fato dela ter sido a mãe de Jesus que, segundo os Dogmas do Cristianismo, é Deus”, diz.

O pastor lembra que, embora o Vaticano tenha deixado claro que Maria não pode ser definida como “redentora” ou “mediadora”, essa publicação da entidade é uma forma de reforçar o que já se pregava antes.

“A Igreja Católica sempre ensinou que Jesus é o único Redentor e Mediador, e que Maria é uma figura importante na história da salvação, mas não é uma co-redentora. Assim, vemos essa reflexão e postura católica como uma oportunidade para muitos aprofundarem o conhecimento bíblico sobre salvação”, acredita.

Publicação pode levar católicos a estudarem mais a Bíblia

Na opinião de Santiago, é possível, sim, que essa atitude possa levar alguns católicos a reavaliar sua devoção a Maria e a estudar mais a Bíblia em torno do tema da redenção. “Toda ação provoca reação, creio que essa declaração oficial vinda do Vaticano terá influência na postura de muitos católicos”, afirma o pastor, que completa:

“A Bíblia é clara em que Jesus é o único Redentor e Mediador (1 Timóteo 2:5, Hebreus 9:15), e é importante que os católicos entendam e respeitem essa doutrina. Essa atitude pode ser uma oportunidade para os católicos aprofundarem sua fé e entender melhor a Bíblia”.

Além disso, o pastor enfatiza que Jesus é o nosso único intercessor e redentor. “Em 1 Timóteo 2:5, Paulo escreve: ‘Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem’. Além disso, Hebreus 9:15 diz: ‘E por isso é o Mediador de uma nova aliança, para que, intervindo morte, para remissão das transgressões que havia sob a primeira aliança, os chamados recebam a promessa da herança eterna’”, e continua:

“Jesus é o único que pode nos salvar e nos dar acesso a Deus (João 14:6, Atos 4:12). Ele é o único que pode nos redimir e nos dar a vida eterna (Romano 3:24, 1 Pedro 1:18-19). Ele é o Criador no Éden! Ele é o Redentor nos Evangelhos e é o Salvador no Apocalipse”.

Atitude é passo importante para católicos e evangélicos

Para o pastor e professor Luciano Estevam Gomes, assessor da Direção Geral da Rede de Educação Batista, a posição do Vaticano em afirmar que Maria não é corredentora com Jesus e que não pode ser chamada de redentora ou mediadora representa um passo importante dentro da própria tradição católica, mesmo que saibam que enfrentarão muitos problemas.

“Embora o catolicismo continue a honrar Maria como ‘mãe de Deus’ e ‘modelo de fé’, essa declaração reconhece que a redenção pertence exclusivamente a Cristo, e isso é extremamente positivo para os evangélicos que sempre sustentaram o que o Vaticano agora esclarece. Eu diria: ‘Um avanço’”, afirma Gomes.

Para ele, do ponto de vista pastoral, essa decisão pode ser vista como um movimento de retorno a uma compreensão mais bíblica da salvação. “A Bíblia é clara ao afirmar que somente Jesus é o Salvador e o mediador entre Deus e os homens. Assim, qualquer doutrina que coloque outra pessoa, mesmo Maria, no mesmo nível de Cristo, acaba por desviar o foco da centralidade do Evangelho”, ressalta.

Espaço aberto para o diálogo e o estudo bíblico

Além disso, o pastor acredita que a decisão do Vaticano, ao reafirmar que Maria não é corredentora, pode abrir espaço para um diálogo mais próximo entre católicos e evangélicos sobre o verdadeiro significado da salvação.

“Para nós, pastores e servos do Evangelho, é uma oportunidade de proclamar com amor e firmeza que Jesus Cristo é suficiente, que Sua graça é completa e que a cruz é o único caminho para a reconciliação com Deus”, ressalta.

Na opinião de Gomes, há muitos católicos sinceros na fé, mas que têm pouca compreensão sobre o plano de salvação criado por Deus para redimir a humanidade por meio de Cristo. “Essa postura do Vaticano pode, sim, provocar reflexão e estudo entre os católicos sinceros que buscam compreender melhor o papel de Maria à luz da Bíblia. Alguns poderão ser motivados a reexaminar de forma mais ampla as suas crenças à luz da Palavra de Deus”, afirma.

O pastor conclui dizendo que “para a igreja evangélica, esse momento é uma oportunidade de testemunhar com amor e clareza sobre a suficiência da obra de Jesus na cruz, sem desrespeitar a figura de Maria, mas colocando-a em seu devido lugar: como serva fiel e exemplo de submissão a Deus, não como mediadora de salvação. E agora, com o apoio do Vaticano”.

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